sexta-feira, 23 de julho de 2010

FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR

Por Liza Gutierrez
Fonoaudióloga - Crfa. RS 8572
A atuação fonoaudiológica hospitalar no Brasil iniciou na década de 80. Nos anos 90 ocorreu uma grande evolução desta especialidade, a partir da conscientização de seu importante papel na prevenção e na reabilitação de pacientes hospitalizados junto à equipes interdisciplinares.

No ambiente hospitalar, o fonoaudiólogo pode atuar desde a fase pré natal, até o fim da vida do ser humano. Na fase pré-natal atuamos na orientação a gestante, incentivando o aleitamento materno e informando a respeito do desenvolvimento da alimentação, audição e linguagem, prevenindo possíveis distúrbios, e ainda esclarecemos duvidas sobre hábitos orais como o uso de mamadeira e chupeta. No berçário e/ou alojamento conjunto favorecemos a interação entre pais e bebê.

Realizamos Triagem Auditiva Neonatal, procedimento importante para diagnóstico precoce de perdas auditivas, que, quando identificadas, geram a necessidade de imediato encaminhamento para serviços competentes de protetização auditiva. Nestes atuamos na seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora. Nas equipes de implante coclear o fonoaudiologo tem relevância no processo de seleção dos candidatos a implantação coclear e ainda na reabilitação auditiva e de fala dos implantados. O implante coclear é uma opção no tratamento de crianças e adultos portadores de deficiência auditiva, substituindo parcialmente as funções da cóclea.

Já o trabalho realizado em UTI Neonatal e Pediátrica ocorre junto às crianças que por algum motivo não conseguem sugar ou se alimentar por via oral. Aí a ênfase esta voltada para habilitação ou reabilitação desta função, ainda não adquirida ou perdida por sequela de alguma enfermidade. A atuação fonoaudiológica com bebês prematuros, sindrômicos, paralisados cerebrais ou com fendas labiopalatinas, ainda sem condições de alimentação via oral, já é bastante reconhecida por outros profissionais de saúde e pelas instituições hospitalares, principalmente porque nossa intervenção proporciona melhor qualidade de vida para estas crianças e suas famílias e com isso ocorre diminuição do período de hospitalização.

Intervimos também em adultos com problemas de deglutição e de comunicação que podem ocorrer devido a acidentes vasculares encefálicos (derrames ou isquemias), doenças degenerativas ou por cirurgia, traumas ou queimaduras na região de cabeça e pescoço. No tratamento das Disfagias ou distúrbios da deglutição nosso objetivo terapêutico principal é a reabilitação da alimentação por via oral, minimizando os riscos de alterações respiratórias e promovendo, alem disto, um pouco de satisfação ou prazer para o paciente em poder se alimentar pela boca de forma efetiva e exclusiva. Ainda orientamos a família e a equipe de saúde quanto à consistência dos alimentos, temperatura que devem ser oferecidos e postura corporal no momento de alimentação.

Nos traumas, queimaduras e nos cânceres da região da cabeça e pescoço atuamos nas fases pré e pós cirúrgicas visando além da alimentação, aspectos como cicatrização adequada dos tecidos, reabilitação da mímica facial e dos movimentos necessários a produção da voz e da fala.

A reabilitação da comunicação, também faz parte da rotina do fonoaudiólogo hospitalar quando orientamos equipe e família no sentido de complementar nossa pratica terapêutica, que, a principio, encontra-se na reabilitação da fala, mas pode-se estender até a implantação de um sistema de Comunicação Alternativa Suplementar quando o prognostico é desfavorável para a comunicação oral.

Importante salientar que os procedimentos se adaptam a realidade de cada caso, em relação às orientações e as condutas terapêuticas, ou seja, nosso atendimento é específico e personalizado de acordo com a demanda de cada indivíduo e sua família, no contexto social em que esta inserido.

Nas equipes interdisciplinares, procedemos da mesma forma, segundo as necessidades que surgem, completando o atendimento hospitalar. Nosso trânsito entre os profissionais de saúde nos hospitais vem aumentando e melhorando, justamente pela comprovação da eficácia de nosso trabalho claramente efetivo e satisfatório para a população e instituições hospitalares.

Em Pelotas/RS, os hospitais ainda não contam com serviços de fonoaudiologia. Mesmo assim ou exatamente por isso, a comunidade pelotense deve estar ciente de que a fonoaudiologia hospitalar existe, e principalmente tem participação importante na reabilitação de pacientes hospitalizados, já que contribui realmente para a alta hospitalar mais rápida e com menos sequelas, e com isso melhoramos a qualidade de vida desses indivíduos, contribuindo também nas questões de saúde pública e ecologia hospitalar.

Liza Gutierrez colaborou com nosso Blog diretamente da cidade de Pelotas, ela é Especialista em fono hospitalar e Mestranda em saúde comportamental.

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