quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

GERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS: NORMAS QUE SALVAM VIDAS

Acreditação da JCI busca soluções que passam despercebidas pela ANVISA

Na última semana, o caso da menina Sthephanie dos Santos Teixeira, de apenas 12 anos, comoveu o país. Internada em um hospital de São Paulo, com dores abdominais, diarréia e vômito, teve injetada na veia vaselina, ao invés de soro fisiológico, o que ocasionou sua morte. Dias depois, na Bahia, um bebê recebeu vacina vencida em um posto de saúde. A mãe de Rafaela, de apenas 2 meses, conta que, ao conferir a caderneta onde consta o lacre da vacina, descobriu que o medicamento estava vencido desde outubro. A criança passou mal. Os dois casos elucidam a falta de cuidados e normas das instituições de saúde com uma das questões mais importantes da administração hospitalar: o gerenciamento de medicamentos.

"Acredito que esses dois eventos, assim como vários outros ocorridos no ano, servem para atentar à necessidade de uma melhoria contínua da qualidade hospitalar", afirma Maria Manuela Alves dos Santos, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), único representante no Brasil da Joint Commission International (JCI), maior agência do mundo em qualidade e segurança em saúde. Criado para aprimorar a qualidade hospitalar e promover um melhor atendimento ao paciente, o Manual Internacional de Acreditação da JCI trata o tema gerenciamento de medicamentos de uma forma bem abrangente, criando normas e itens até então ignorados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Segundo Maria Manuela, um dos itens cruciais para se evitar a troca de medicamentos é o treinamento de pessoal. Ela frisa que jornadas de trabalho extenuantes e contrárias às leis trabalhistas (que determinam uma carga horária máxima de 8 horas de trabalho diário) são extremamente prejudiciais à concentração do profissional de saúde, que fica mais suscetível a cometer erros. "Sabemos que a maior parte dos erros são cometidos nos últimos momentos da jornada de trabalho. As empresas não podem permitir que os funcionários emendem plantões em vários hospitais ou que dobrem suas escalas. Além disso, elas também devem investir em treinamento continuado e de supervisão eficiente", diz.

Outro ponto extremamente importante é a organização dos medicamentos, tanto no que diz respeito às embalagens, quanto à disposição das mesmas nas prateleiras, armários e gavetas. De acordo com a superintendente do CBA, muitas unidades de saúde deixam seus medicamentos em embalagens parecidas em locais favoráveis à mistura de componentes diferentes. "Todos os medicamentos que chegam a um hospital devem passar por uma checagem e, posteriormente, devem ser embalados e etiquetados de maneira a não serem confundidos. As identificações devem ser feitas em letras grandes e visíveis", destaca ela.

O capítulo de gerenciamento de medicamentos do Manual Internacional de Acreditação da JCI fala também sobre acondicionamento, recomendando a manutenção da medicação em uma farmácia ou almoxarifado reservado somente para isso. "Substâncias que dependem de refrigeração, têm de estar estocadas sempre na temperatura correta. Nem um grau a mais, nem um grau menos", reforça Maria Manuela, que lembra que as normas propostas pelo capítulo atentam também para um correto descarte dos medicamentos.


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