quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Contaminação atinge 95% dos jalecos médicos

Bactéria que pode causar infecção hospitalar foi encontrada nas amostras colhidas por estudantes da PUC

Os jalecos dos médicos - indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como equipamento de proteção individual para os profissionais do setor - pode ser fonte de contaminação. Esta é a constatação de um estudo realizado por alunas da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), do câmpus de Sorocaba.

Das amostras analisadas, 95,83% estavam contaminadas. Entre os micro-organismos identificados nos jalecos está o Staphilococcus aureus, bactéria considerada um dos principais agentes de infecção hospitalar.

A proposta surgiu após a constatação de que alunos e residentes do hospital-escola do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, da rede estadual de saúde, saíam para o almoço em bares e restaurantes sem tirar o jaleco. A pesquisa foi realizada pelas alunas Fernanda Dias e Débora Jukemura, sob orientação da professora Maria Elisa Zuliani Maluf.

Foram avaliados 96 estudantes de Medicina, distribuídos nos seis anos da graduação, que atuam na enfermaria de clinica médica do hospital. A metade usava jalecos (de mangas longas) e a outra metade não.

"Essa elevada taxa de contaminação pode estar relacionada ao contato direto com os pacientes, aliada ao fato de os micro-organismos poderem permanecer entre 10 e 98 dias em tecidos, como algodão e poliéster", explicou Fernanda.

O estudo mostrou que os jalecos dos profissionais estão geralmente contaminados, principalmente nas áreas de contato frequente, como mangas e bolsos. A OMS e outras instituições de referência em biossegurança recomendam a sua utilização como uma barreira de proteção contra a transmissão de micro-organismos. No estudo, a pele da região do punho estava contaminada em 97,91% dos usuários de jaleco. Nos não usuários a contaminação era de 93,75%.

A pesquisa evidenciou que a contaminação nos usuários de jaleco não difere significativamente daqueles que não fazem seu uso. De acordo com as alunas, o estudo também revela que a prática de lavar as mãos, em ambos os grupos, não está adequada. Para ela, a falta de higiene das mãos aumenta a contaminação dos jalecos.

Os resultados mostraram ainda que o número de micro-organismos patogênicos aumentou consideravelmente nas coletas realizadas entre segunda e quinta-feira, dias de maior atividade médica. Para a orientadora, a pesquisa mostrou que o jaleco pode representar um possível veículo de transmissão de micro-organismos associado à infecção hospitalar, caso seu uso não seja aliado a cuidados.

A PUC-SP pretende aprofundar os estudos para encaminhá-los à OMS.

Fonte: www.saudebusiness.com.br

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